São áreas compreendidas entre divisores de água, nas quais toda água que ali se precipita escoa por um ponto mais baixo, que é, normalmente, seu rio principal. A nova divisão de bacias hidrográficas brasileiras, proposta pelo IBGE, procura definir melhor os recursos hídricos superficiais para facilitar o planejamento ambiental e o uso racional desses recursos. Para isso, define dez grandes bacias hidrográficas, com 57 principais bacias e sub bacias. As dez bacias hidrográficas são: Bacia Amazônica, bacia do Amapá, bacia Nordestina, bacia do São Francisco, bacia do Tocantins Araguaia, bacia do Leste, bacia do Sudeste Sul, bacia do Paraguai, bacia do Paraná, bacia do Uruguai.
Bacia do Rio Amazonas – É a maior do mundo, com 7.050.000 quilômetros quadrados, dos quais 3.836.528,7 estão em terras brasileiras. Seu rio principal nasce no Peru, com o nome de Vilcanota, e recebe depois as denominações de Ucaiali, Urubamba e Marañón. Quando entra no Brasil, passa a se chamar Solimões, até o encontro com o rio Negro, próximo de Manaus. Desse ponto até a foz recebe o nome de Amazonas. Atravessando os vales andinos e a floresta Amazônica, até desembocar no oceano Atlântico, percorre 6,4 mil quilômetros, sendo o segundo maior do planeta em extensão, perde apenas para o rio Nilo, e o maior em vazão de água. Sua largura média é de 5 quilômetros. Conta com grande número de cursos de água menores e canais fluviais criados pelos processos de cheia e vazante. Localizada em uma região de planície, a bacia Amazônica tem cerca de 23 mil quilômetros de rios navegáveis, que possibilitam o desenvolvimento do transporte hidroviário. A navegação é importante nos grandes afluentes do Amazonas, como o Madeira, o Xingu, o Tapajós, o Negro, o Trombetas e o Jari, entre outros. Em 1997 é inaugurada a hidrovia do rio Madeira, que opera de Porto Velho a Itaquatiara. Em maio de 2001 é criado o primeiro corredor ecológico binacional, na fronteira do Brasil com a Bolívia, com uma área de 23 milhões de hectares, quase equivalente ao território do estado de São Paulo. O corredor vai proteger as bacias hidrográficas do Guaporé-Madeira, no lado brasileiro, e Iténez, no boliviano, numa região que reúne a maior diversidade de peixes do mundo.
Bacia do Amapá – é formada principalmente pelo rio Araguari e seus afluentes. Está localizada numa região entre o planalto das Guianas e a planície costeira.
Bacia do Rio São Francisco – Possui uma área de 645.720 quilômetros quadrados de extensão e seu principal rio é o São Francisco. O Velho Chico, como é conhecido, nasce em Minas Gerais e percorre Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe até a foz, na divisa destes dois últimos estados, totalizando 3.160 quilômetros. É o maior rio totalmente brasileiro. Ele é fundamental na economia da região, pois permite a atividade agrícola em suas margens e oferece condições para a irrigação artificial de áreas mais distantes. Tem afluentes permanentes, como os rios Cariranha, Pardo, Grande e Velhas, e temporários, como os rios das Rãs, Paramirim e Jacaré. Seu maior trecho navegável se encontra entre as cidades de Pirapora (MG) e Juazeiro (BA), com extensão de 1.371 quilômetros. O potencial hidrelétrico do São Francisco é aproveitado, principalmente, pelas usinas de Sobradinho, Xingó e Paulo Afonso.
Transposição das águas – Em 2000, iniciado pelo governo federal o projeto de transposição do rio São Francisco, para levar suas águas por canais de irrigação até as regiões mais secas do sertão nordestino, que envolve um custo previsto de 3 bilhões de reais. A transposição envolve a retirada de água do rio nos estados de Alagoas, Sergipe, Bahia e Pernambuco para o semiárido do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. O volume a ser utilizado poderia chegar a 1,5 bilhão de metros cúbicos anuais, o que corresponde a três quartos da capacidade da baía de Guanabara. O Relatório de Impacto Ambiental (Rima) sobre a transposição entregue ao governo, porém, indicava que a obra causaria uma série de problemas, entre eles a perda de áreas de vegetação, a redução de hábitats da fauna terrestre, a proliferação de piranhas e o aumento da tensão social na região, provocado pela desapropriação de terras. O projeto sofre forte oposição tanto do governo de Alagoas, de Sergipe e da Bahia quanto de entidades ambientalistas. O Ministério da Integração Nacional inicia, nos primeiros meses de 2001, uma série de discussões nos estados com o objetivo de viabilizar a transposição, mas o processo é interrompido por uma liminar impetrada por ambientalistas. O Orçamento da União para 2003 prevê quase 1 bilhão de reais para a área de meio ambiente. Destes, os programas de recursos hídricos respondem por 630 milhões de reais, e entre os projetos contemplados está o da revitalização da bacia do São Francisco.
Falta de chuva – O desmatamento, a falta de chuva e a exploração das reservas subterrâneas que abastecem o São Francisco e seus afluentes fizeram sua vazão diminuir cerca de 35%, o que dificultou a navegação e prejudicou o funcionamento das hidrelétricas.
Bacia do Rio Tocantins Araguaia – É a maior bacia localizada inteiramente em território brasileiro, com 932.070 quilômetros quadrados. O rio Tocantins nasce em Goiás e percorre 2.640 quilômetros até desembocar na foz do Amazonas. Seu trecho navegável, de 1,9 mil quilômetros, se encontra entre Belém (PA) e Peixe (GO), e parte de seu potencial hidrelétrico é aproveitada pela Usina de Tucuruí. O rio Araguaia nasce em Mato Grosso, na fronteira com Goiás, e une-se ao Tocantins no extremo norte do estado de mesmo nome.
Hidrovia Araguaia-Tocantins – De acordo com a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), a hidrovia Araguaia-Tocantins já poderia ser navegada em três trechos da bacia: em 580 quilômetros do rio das Mortes, em 1.230 quilômetros do rio Araguaia e em 440 quilômetros do Tocantins. A hidrovia, porém, tem sido questionada pelas entidades ambientalistas, que criticam os impactos que ela poderá provocar. No projeto, ela corta dez áreas de conservação ambiental e 35 áreas indígenas, afetando uma população de cerca de 10 mil índios.
Bacia do Leste – No trecho sudeste, destacam-se as bacias do rio Paraíba do Sul (entre as duas metrópoles nacionais – São Paulo e Rio de Janeiro) e do rio Doce (com nascente no estado de Minas Gerais e foz no estado do Espírito Santo).
Bacia do Sudeste sul – É uma bacia hidrográfica conjugada pelos rios Itajaí, Capivari juntamente com o rio Guaíba e o sistema lagunar formam o trecho Sul das bacias costeiras do Rio Grande do Sul.
Bacia do Prata – É formada por três importantes bacias hidrográficas: dos rios Paraná, Uruguai e Paraguai, na fronteira entre a Argentina e o Uruguai, são os formadores do rio da Prata, o principal desaguadouro do Atlântico Sul. As bacias desses rios possui 1.320.275 quilômetros quadrados – a segunda maior do país – e se estende por Brasil, Uruguai, Bolívia, Paraguai e Argentina. O Paraná, com 2.940 quilômetros, nasce na junção dos rios Paranaíba e Grande, na divisa entre Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo. Apresenta o maior aproveitamento hidrelétrico do Brasil, abrigando, por exemplo, a Usina de Itaipu. Em 1999 é inaugurada no rio Paraná a hidrelétrica de Porto Primavera, a segunda maior usina do estado de São Paulo. Os afluentes do Paraná, como o Tietê e o Paranapanema, também têm grande potencial para a geração de energia. Com relação às hidrovias, a do Tietê-Paraná é a mais antiga do país. Utilizado em larga escala para a navegação, o rio Paraguai tem origem na serra do Araporé, a 100 quilômetros de Cuiabá (MT). Sua extensão é de 2.078 quilômetros. O rio Uruguai possui cerca de 1,5 mil quilômetros de extensão, dos quais 625 correspondem ao trecho navegável, entre São Borja e Uruguaiana (RS). Em outros trechos tem potencial hidrelétrico.
Problemas no pantanal – Entidades ambientalistas criticam o uso de trechos da bacia para transporte fluvial. Um relatório divulgado em fevereiro de 2001 pela WWF denuncia que, na região onde o rio Paraguai corta o Pantanal, o choque das embarcações contra as margens causou a destruição de mais de 100 quilômetros de matas ciliares, além de assoreamento das águas. Também sofre de assoreamento o rio Taquari, que nasce no cerrado e atravessa o Pantanal, carregando grande quantidade de terra de regiões de plantio de soja onde a mata ciliar foi destruída. O crescimento e a modernização da agricultura na região fizeram aumentar o uso de agrotóxicos nas áreas que cercam as planícies inundáveis do Pantanal-Mato-Grossense, contaminando solos e água dessa região da bacia do Prata.
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