2012
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[MEIO AMBIENTE E
PECUÁRIA LEITEIRA EM RONDÔNIA (o exemplo da microrregião Ji-Paraná)]
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A
prática da pecuária é desenvolvida em regiões com diversidade natural de
grande relevância, podendo citar os domínios
vegetais, os solos, os domínios climáticos e classificação
topográfica. Há também forte influencia do ambiente sócio econômico, o que
possibilita o aumento ou não da produtividade mediante uso de técnicas ou
tecnologias.
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Sumário
1 –
Introdução..........................................................................................................
2 -
Os aspectos ambientais e suas influências na pecuária .......................
3 - Os
aspectos sócios econômicos e o desenvolvimento da pecuária
na microrregião de Ji-Paraná
........................................................................
5 –
Conclusão
..........................................................................................................
4 –
Bibliografia .........................................................................................................
MEIO AMBIENTE E PECUÁRIA LEITEIRA EM
RONDÔNIA (o exemplo da microrregião Ji-Paraná)
Gilberto
Stein Junior*
A prática da pecuária é classificada
através do sistema extensivo e intensivo, sendo desenvolvida em regiões com
diversidade ambiental de grande relevância, destacando os domínios vegetais, os
solos e seus componentes, os domínios climáticos e classificação topográfica.
As diversas influências técnicas
oriundas de estados das regiões sul, sudeste e nordeste estabelecem práticas
com maior ou menor produtividade, melhoria ou não da genética e possibilita a criação
de barreiras à prática de um sistema técnico-científico global. A forte
influência do senso comum em regiões com pequeno apoio técnico tem permitido
que a prática da pecuária destinada ao abate se estabeleça de maneira
imperativa, fortalecendo o conceito de formação latifundiária e se adequando
aos ideais políticos de um novo código florestal.
O diferencial econômico existente
entre o pequeno e grande produtor é estabelecido entre senso comum, comunidade
tecno-científica e setores econômicos.
Palavras
chave: pecuária, ambiental, econômico e global.
______________________________
*Licenciado em geografia pela UFMG; professor
do ensino fundamental e médio na rede estadual de educação em Rondônia.
Introdução
A
pecuária é definida como a prática de criar animais domesticados, abrangendo o
processo de criação de bovinos, suínos, ovinos, caprinos e bubalinos, sendo
exercitada em pequena, média ou grande escala. A prática extensiva faz uso de
técnicas rudimentares obtendo baixa produtividade destinada ao consumo familiar
e comercial quando há excedente ou para fins de especulação imobiliária ou de
capital. Quanto à prática intensiva, seu objetivo é a aplicação de técnicas
modernas obtendo bons resultados, exceto quando ocorrem os azares climáticos,
tais resultados geralmente são destinados aos setores industrial (bens de
consumo não duráveis) e comercial. (consumidor final – restaurante, feiras,
supermercados e população)
Para
o desenvolvimento da atividade pecuária faz-se necessário um levantamento de
informações dos aspectos ambientais, sociais, políticos e econômicos.
Os aspectos ambientais e suas
influências na pecuária.
Sobre
o quadro natural regional observa-se grande diversidade, podendo classificar a
vegetação como floresta ombrófila densa, floresta ombrófila aberta, floresta
estacional semidecidual tropical, cerrado e áreas de transição. Na região centro-leste
do estado, observa-se a presença de vegetação campestre associada ao cerrado,
também conceituada vegetação de transição, floresta ombrófila e mata ciliar.
Caracterizando
os domínios vegetais observa-se: formação de florestas (árvores de pequeno, médio
e grande porte, variando entre quatro e cinqüenta metros de altura), floresta
ombrófila (vegetação arbórea típica de regiões chuvosas), floresta estacional
semidecidual (vegetação arbórea apresentando-se em determinados períodos
recoberta por folhagem geralmente esverdeada e no período de estiagem torna-se
uma vegetação caducifólia – perda total da cobertura vegetal), cerrado
(vegetação com tamanho diversificado, apresentando plantas rasteiras
(gramíneas), arbustivas (plantas com muitos galhos, retorcidas, casca grossa e
poucas folhas, com altura entre cinquenta centímetros e dois metros) e arbóreas
(árvores com troncos retorcidos, casca grossa, muitos galhos e poucas folhas)
geralmente apresentam raízes profundas (devido a deficiência hídrica) e durante
os meses de estiagem a folhagem passa de um tom esverdeado para amarelado,
tornando-se uma vegetação ressequida com aspecto de plantas sem vida).
As
atuais áreas de cerrado e de vegetação de transição são fortemente exploradas
pela pecuária extensiva, onde os animais são criados soltos, aproveitando a
vegetação natural sem a necessidade da prática do desmatamento. Nas áreas de
cobertura vegetal do tipo floresta, ocorreu um intenso desmatamento, sendo
transformadas em pastagens artificiais.
Os
solos da região em destaque apresentam pequena diversidade, podendo
considerá-los pobres ou de pouca fertilidade, principalmente os que apresentam
carência de cálcio, potássio, nitrogênio ou outro nutriente importante para as
plantas. Tal conceito é relativo, pois atualmente é possível tornar fértil um
solo pobre com a utilização de modernas tecnologias, sendo o uso inadequado
alvo passível de empobrecimento da área que pode também iniciar um processo de
desertificação.
A
maior parte dos solos férteis localiza-se ao longo do eixo da rodovia BR-364.
De acordo com LIMA (1997)¹:
...algo em torno de
80% (oitenta por cento) da área estadual serve para atividades agropastoris;
25% (vinte e cinco por cento) não apresentam limitações para uso; 15% (quinze
por cento) possuem ligeira limitação de uso devido a possível ação erosiva; 38%
(trinta e oito por cento) apresentam limitações ao uso por estarem muito
expostos a ação do tempo; e 6% (seis por cento) são aptos a prática da
pecuária.
Constatam-se
dois grandes domínios de solos na porção centro-leste do estado:
- solos argilosos de mediana profundidade,
ricos em minerais ferromagnesianos ocorrendo nas porções do latossolo vermelho
e amarelo entre os municípios de Ouro Preto e Ariquemes;
- solos podzólicos vermelho amarelado de
pouca profundidade, classificados como arenoso na superfície e argiloso na
porção inferior, ocorrendo a formação de cascalhos desde a nascente do rio
Ji-Paraná no município de Pimenta Bueno até sua foz no rio Madeira após a
cidade de Porto Velho.
A
prática da pecuária intensiva possibilita a conservação dos solos, pois
geralmente ocorre uma rotatividade de animais dentro de um espaço restrito,
permitindo o cultivo de pastagens diversificadas com algumas espécies arbóreas
e até mesmo o desenvolvimento de capineiras (algumas espécies de cana-de-açúcar
destinadas a bovinos ou bubalinos). Os animais também podem ficar confinados
por um período maior, recebendo alimentação em superfícies adequadas. Quanto à
prática extensiva constata-se que, um número menor de animais por hectare pode
levar a uma conservação do solo e posterior adubação natural com a decomposição
do estrume dos animais. Quando ocorre uma intensificação de animais por
hectare, pode ocorrer um processo de compactação do solo por pisoteio,
o que pode levar a um processo de desmineralização, aridez e consequentemente, em
longo prazo, a desertificação da área, como tem ocorrido no Rio Grande do Sul.
Os
domínios climáticos da região são equatorial e tropical, podendo constatar em
alguns anos a friagem, fenômeno que ocorre geralmente no mês de julho, com a
passagem da massa de ar polar atlântica.
O
clima equatorial é marcado pelas elevadas temperaturas durante todo o ano (entre
25° e 40° C) e chuvas distribuídas entre os meses de outubro e maio (média de
2500 mm), sendo que, de maio a outubro ocorre o período de estiagem (média de
250 mm). O clima tropical apresenta verões quentes (entre 20° e 30°C) e chuvosos
(média de 1700 mm), os invernos deveriam ser brandos e secos, porém as baixas
latitudes e a forte influência do clima equatorial faz com que as temperaturas
oscilem acima de 20º C. Quando ocorre o fenômeno friagem, as baixas altitudes
no interior do estado permitem a passagem da massa polar atlântica, provocando
quedas de temperatura abruptas (exemplo: de 25º C para 13º C).
Estes
domínios climáticos não são favoráveis ao desenvolvimento de um plantel com
animais típicos das regiões sul e sudeste (raça holandesa), porém observa-se em
grande escala criações de animais girolando (cruzamento das raças gir com
holandês) e gir leiteiro, que se adaptam as condições climáticas do estado.
Na
porção centro-leste do estado localiza-se uma extensa área de planaltos
residuais sul-amazônicos, formados na era geológica arqueozoica, sendo sua
constituição superficial associada aos sedimentos oriundos da decomposição do
planalto mato-grossense, das chapadas dos Pacaás Novos e dos Parecis, dos
inselbergs, dos morros isolados e algumas cristas regionais. Na região também
são encontrados afloramentos graníticos, lateritos e matacões de tamanhos
diversos. As superfícies aplainadas apresentam rochas sedimentares do
pleistoceno, resultantes da ação erosiva ocorridas em períodos geológicos
anteriores, o que possibilita a presença de um clima seco com escassa cobertura
vegetal. Localizam-se nesta porção do relevo, alguns lajeados e cachoeiras que
afloram no médio curso do rio Ji-Paraná (Dois de novembro, São Vicente, Quatro
de março, São Francisco, Tabajara e Quatá). Nas proximidades com o estado do
Mato Grosso localizam-se as serras São João e Machado, divisores das bacias
hidrográficas dos rios Ji-Paraná (Machado) e Roosevelt. De acordo com LIMA ², a
chapada dos Pacaás Novos também é um divisor de águas das bacias Ji-Paraná e
Roosevelt.
Um
importante fator para alteração do modelado na superfície é a ação de agentes
externos (influenciado pelo tempo – tendo como elementos básicos o vento, a
temperatura e a umidade) que ocasionam o intemperismo e a erosão. O
intemperismo pode ser físico, químico ou biológico, retratando-se como processo
lento que pode durar meses ou anos. O fenômeno físico ou mecânico é provocado
principalmente pela variação de temperatura que pode ocorrer num mesmo dia ou
no transcorrer de um ano ou mais. O fenômeno químico é ocasionado pela ação da
água que desagrega os minerais compostos numa superfície rochosa, podendo
iniciar o processo de formação do solo superficial. O intemperismo biológico é
ocasionado pela ação de decomposição das rochas através da atividade de seres
vivos (animais, vegetais, fungos, bactérias e insetos). O
processo erosivo está relacionado diretamente com a ação do tempo em curto
período, sendo também caracterizado pelas alterações climáticas de determinadas
áreas.
Os aspectos sócios econômicos e o
desenvolvimento da pecuária na microrregião de Ji-Paraná
Com
o forte fluxo migratório das regiões sul, sudeste, nordeste e centro-oeste para
o estado, através dos incentivos governamentais e da política de povoar o
interior do Brasil para que ocorresse o crescimento seguido do desenvolvimento,
muitas famílias se deslocaram para o estado. Classifica-se o processo
migratório em diferentes períodos, iniciando com a exploração da borracha, através
do curso do rio Madeira. Neste contexto, destaca-se a ocupação de um dos
afluentes do rio Madeira, o rio Ji-Paraná, sendo as primeiras ocupações datadas
do final do século XIX e início do século XX. Devido ao grave contrabando de
sementes de seringueiras para o sudeste asiático, o preço da borracha sofre
grande desvalorização. Com o advento da 2ª. Guerra Mundial, o preço da borracha
é fomentado pela indústria bélica e apresenta nova valorização, favorecendo
outro grande impulso migratório, tratando os seringueiros como ‘soldados da
borracha’, principalmente os migrantes nordestinos. Terminada a 2ª. Guerra
Mundial ocorre uma grande redução pela procura da borracha de origem amazônica,
surgindo uma nova atividade econômica, o garimpo. Esta atividade, juntamente
com a política de integração e ocupação da Amazônia, promovem a construção da
rodovia Brasília / Acre, considerando o fato de que nunca houve o interesse político
para a instalação de uma ferrovia. O
surgimento da linha telegráfica Mato Grosso / Amazonas também é responsável
pelo surgimento de alguns núcleos urbanos, que atualmente acompanham a rodovia
federal BR-364. Os incentivos governamentais para a saída das regiões sul e
sudeste estavam relacionados a falsa promessa de terras férteis e linhas de
crédito para promover o desmatamento e implantar uma atividade agropastoril
produtiva. As longas viagens dos migrantes sulistas para o Estado chegavam há
durar trinta dias em um pau-de-arara³ e, às vezes, vinte dias, quando esta era
realizada num ônibus vinculado ao setor político administrativo. Após a chegada
nas áreas de destino como é o caso de Ji-Paraná, muitos migrantes eram deixados
em locais organizados pelo INCRA ou pelas COMPANHIAS DE COLONIZAÇÃO, (exemplo
da Companhia Calama) com o objetivo de receber as terras prometidas. A ocupação
do estado estava sendo realizada de maneira desordenada, gerando conflitos
entre povos indígenas, seringueiros e os diferentes grupos de migrantes
relacionados a posse da terra e a ação de especuladores organizados em empresas
particulares, sem amparo legal, loteando e vendendo áreas de reservas ou da
União para os migrantes. O crescente número de migrantes promoveu o
desenvolvimento de nova estratégia fundiária para a colonização, atribuindo
grande competência ao INCRA, que promoveu uma colonização oficial, instalando
estrategicamente em diferentes pontos novas frentes de trabalho, permitindo a
regulamentação do processo de ocupação do Estado, dando acesso a terra aqueles
que realmente a procuravam e tinham por objetivo o crescimento sócio-econômico
em equidade com a política governamental de expansão agrícola. Os lotes para
assentamento eram de 50, 100 e até 300 hectares.
Um importante fator que contribuiu para o processo
migratório para o estado de Rondônia foi a modernização no campo nas regiões
Sul e Sudeste do Brasil, substituindo as tradicionais práticas de cultivo de
café por plantações mecanizadas de soja, trigo e cana-de-açúcar, em larga
escala, reduzindo a quantidade de mão-de-obra necessária e forçando sua
emigração. O governo também viu nas regiões de fronteira uma forma de reduzir o
êxodo rural-urbano e ocupá-las impedindo a ação estrangeira, uma vez que já
estavam sendo ocupadas. A qualidade do solo de Rondônia em algumas regiões e
sua adequação à agricultura, conforme estudos preliminares, e a descoberta de
reservas madeireira de alto valor econômico como mogno, cerejeira, cedro-rosa,
etc., também contribuíram, sobremaneira, no processo de ocupação.
Este processo se deu de forma
desordenada, de 1970 a 1980, o número de proprietários de terra passou de 7 mil
para 50 mil e em 1985, chegou a 81 mil propriedades (OLIVEIRA).
Um
exemplo de ocupação na região de Ji-Paraná é o Projeto de Assentamento
ITAPIREMA, criado através da Portaria/P/Nº 553 de 09 de julho de 1987 , objetivando
assentamento de 211 (duzentos e onze) famílias de trabalhadores rurais em parte
do imóvel rural denominado Gleba PYRINEOS, objeto de desapropriação por
interesse social, com uma área de 6.345 há (seis mil, trezentos e quarenta e
cinco hectares), apresenta em sua estrutura algumas ocupações com várias
dimensões constituindo alguns minifúndios, cujo aspecto fundiário impõe a
consolidação da situação encontrada. De acordo com informações do INCRA:
...a área apresenta
fertilidade regular dos solos, favoráveis condições climáticas, de relevo e
hidrográfica, bem como localização privilegiada, estando adjacente à sede do
município, segundo centro urbano mais desenvolvido do Estado, onde o mercado
imobiliário registra os maiores valores na comercialização de imóveis rurais.
Entre as famílias ocupantes da área, a maioria ostenta mais de uma década de
posse, cujo início ocorreu quando a empresa CALAMA S.A. (colonizadora
particular, autorizada a comercializar os terrenos pelo governo federal) se
quer havia escriturado alguns dos imóveis de todo o título PYRINEOS. A área foi
cenário de elevada tensão social pela disputa de suas terras, onde litigavam de
um lado, o proprietário e de outro os ocupantes, quando atos de violência
praticados pelas partes, por certa vez, causou vítimas com lesões corporais,
principalmente pelo lado dos ocupantes, resultante da ação policial. Quanto aos
aspectos econômicos desta área, verifica-se que a maioria dos ocupantes
residentes no imóvel, cultivam culturas tradicionais de subsistência (arroz,
milho, feijão e mandioca) e já implementaram culturas permanentes de
considerável valor. Os lotes que tem dimensão abaixo da fração mínima de
parcelamento dedicam-se a exploração de culturas hortifrutigranjeira, inclusive
com uma produção considerável que abastece o mercado consumidor urbano,
participando também no abastecimento da capital do estado Um fator marcante é a
organização e participação dos beneficiários do projeto que também comercializam
os produtos em uma feira agrícola.
De acordo com dados do IBGE
(2007), o crescimento populacional de Rondônia ocorre entre 1950 com população
estimada em 36.935 habitantes, em 1960 a população soma um total de 69.792, em
1970 um total de 111.064 habitantes, em 1980 um total de 491.025 habitantes
(aumentando 16,03%), em 1991 um total de 1.130.874 habitantes, em 2000 um total
de 1.377.792 habitantes e 2005 um total de 1.534.584 habitantes.
Para
o INCRA, o governo, ao desapropriar um imóvel, destinando-o para fins de
Reforma Agrária, tem por objetivo ordenar a ocupação e gerar paz social,
proporcionando progresso social e econômico dos que nele residem. Todavia, no
que diz respeito à modalidade ocupacional existente, torna-se impraticável
promover alterações de maior relevância no dimensionamento dos imóveis, visto
que tal medida tende a confundir e / ou provocar conflitos contrariando os
objetivos precípuos do Plano Nacional de Reforma Agrária. É também da
iniciativa do INCRA, firmar entendimento com os beneficiários, onde os mesmos devem
estar de pleno e irrestrito acordo com o processo de pacificação. Além de
considerar pontos tais como, localização, valorização e necessidade de sanar
conflitos de ordem social, o órgão federal acredita que os beneficiados devem
dar continuidade em suas atividades produtivas, visando não apenas a melhoria e
qualificação da força de trabalho, mas também o desenvolvimento dos membros
ativos do conjunto familiar que buscam, além da subsistência, o progresso
social e econômico, apesar da forte influência das importações do centro sul do
país.
Com
a chegada de um grande número de migrantes para o estado, (fato observado até
os dias atuais) ocorre um intenso crescimento econômico vinculado ao eixo da
rodovia BR-364 de integração nacional, possibilitando o escoamento de recursos
minerais como a cassiterita, mas também a importação de bens de capital e bens
de consumo não duráveis para o desenvolvimento do setor de indústrias e
comércio.
Ao se constituírem os projetos de colonização agrícola
como principal atrativo de ocupação de Rondônia, o resultado foi a
comercialização de produtos agrícolas e a prestação de serviços para a
população rural pelas pequenas cidades. Além disso, a urbanização esteve
vinculada ao crescimento da atividade industrial, seja de domínio da economia
formal, seja da informal.
Considerando
a trajetória de criação e crescimento do estado de Rondônia pode-se avaliar que
a taxa de crescimento populacional e a emergente necessidade de geração de
fontes de subsistência, levou a população imigrante a optar pela alternativa
mais evidente que era abertura de áreas nativas para a agricultura e a pecuária,
o que em função das condições de fatores e preços de oportunidade, favorecem a
expansão da criação do gado bovino e, consequentemente, a produção leiteira e,
ainda, a instalação de indústrias processadoras do leite. No entanto, a não
sistematização ou a falta de assistência técnica e implementação de políticas
públicas e, além disso, a velocidade do crescimento dessa atividade, não
favorecem a organização e o desenvolvimento de um arranjo para produção regional
de leite em Rondônia.
O potencial agropecuário do estado é favorecido com a
vasta extensão de terras e clima quente, o que leva os detentores de
propriedades rurais a investirem na pecuária, isso leva a maior produção de
leite, a qual se constitui na principal fonte de renda para o pequeno produtor
rural, representando sua subsistência.
O estado de Rondônia possui 52 Municípios e uma população
de 1.534.584 habitantes e a atividade leiteira exerce função de suma
importância na economia. O setor agropecuário e a indústria de transformação
deste segmento representam a base econômica e despontam como fortes
contribuintes de sustentabilidade (SEAPES, 2006).
A produção de leite no estado vem apresentando grande
evolução nos últimos anos, fato que se verifica nos dados a seguir.
Produção
brasileira de leite cru (milhões de litros)
Produção de leite mil
litros / dia
Estados e Brasil 1969 1980 1990 2000 2005
Estados e Brasil 1969 1980 1990 2000 2005
1 Minas Gerais 6.438
8.816 11.756 16.068 18.926
2 Goiás 1.058 2.507
2.937 6.011 7.255
3 Paraná 1.247 2.178
3.178 4.929 7.036
4 Rio Grande do Sul 1.786 3.389
3.978 5.759 6.762
5 São Paulo 3.786 5.052
5.373 5.099 4.778
9 Rondônia 0
90 433
1.156 1.896
Brasil 19.159 30.581
39.718 54.156 67.455
Fonte: BRASIL (1973-1999); EMBRAPA(2007).
Após a década de 90 é possível verificar o surgimento de
algumas regiões no estado que se tornaram bacias leiteiras, é o exemplo de Ouro
Preto do Oeste, onde se encontram animais cuja produção diária ultrapassa os
vinte litros. Em relação à variação anual da produção leiteira, a microrregião
de Ji-Paraná, em Rondônia, encontra-se entre os cinquenta maiores produtores do
Brasil, sendo registrada uma variação anual no período compreendido entre os
anos de 2000 a 2005, de 102 mil litros/dia. O pequeno agricultor pode ter seu
rebanho melhorado geneticamente e, com isso, aumentar a renda familiar, além de
melhorar as pastagens, poder realizar análise de solo, adequação solo /
pastagem, cultivar capineiras com espécies apropriadas de cana-de-açúcar
destinada ao gado leiteiro, criar animais em sistema de confinamento, através
de ações governamentais como o Programa de Melhoria da Qualidade e
Produtividade do Leite (PROLEITE), implementado pela Secretaria de Estado da
Agricultura, Pecuária e Regularização Fundiária (SEAGRI) e executado pela
EMATER-RO.
Principais
microrregiões geográficas brasileiras na produção de leite e variação anual da
produção, 2000-2005.
microrregião
variação anual
2000 2005
(mil litros/ dia)
PR -
Toledo 695 1.080 77
RO
- Ji-Paraná 551 1.063 102
GO -
Meia Ponte 887 1.022 27
SC -
Chapecó 459 972 103
MG -
Frutal 79 929 170
Total
4.672 7.072 480
%
Brasil 8,6 10,5
Fonte: EMBRAPA (2007).
Observando os dados a seguir, sobre as microrregiões do
Estado de Rondônia, constata-se que Ji-Paraná é a maior produtora do estado de
Rondônia.
Microrregiões rondonienses, produção de
leite e variação anual da produção, 2000-2005.
microrregião
variação anual
2000 2005
(mil litros/ dia)
1
Ji-Paraná 551 1.065
103
2
Ariquemes 66 203 27
3 Alvorada do Oeste 77 183 21
4
Porto Velho 62 179 23
5
Cacoal 232
142 -18
6
Vilhena 57 64 2
7
Colorado do Oeste 100
46 -11
8 Guajará-Mirim 12
15 1
Fonte: EMBRAPA (2007).
Sobre a distribuição do gado leiteiro do estado
observa-se grande concentração nos municípios de Jaru, Ouro Preto do Oeste e Ji-Paraná.
Municípios com maior rebanho
de gado leiteiro em Rondônia
Município 2004 2005
Jaru 288.827 317.697
Ouro Preto do Oeste 259.043
267.501
Ji-Paraná
192.639 200.569
Gov. Jorge Teixeira 125.428
146.726
Presidente Médici 111.950 135.757
Vale do Paraíso 128.266 128.390
Alvorada
do Oeste 141.016 125.363
Fonte: EMATER (2006).
O município de Ji-Paraná possui o terceiro maior rebanho
de gado leiteiro do estado, é o terceiro em produção e o quadragésimo quarto do
Brasil em produção de leite, de acordo com os dados abaixo.
Principais municípios
rondonienses na produção de leite, 2005.
Município microrregião produção 2005(mil l/ dia)
UF
BR
1 11 Jaru Ji-Paraná 206
2 15 Ouro Preto do Oeste Ji-Paraná 194
3 44 Ji-Paraná Ji-Paraná 114
4 55 Governador Jorge Teixeira Ji-Paraná 104
5 80 Nova Mamoré Porto Velho 89
6 86 Urupá Ji-Paraná
87
Fonte: EMATER (2006).
De acordo com os dados citados, além do
município de Ji-Paraná, destacam-se outros municípios, tais como, Jaru, Ouro
Preto D’Oeste, Presidente Médice, Urupá e Alvorada do Oeste entre outros.
A economia de Ji-Paraná, município central, é representada
por atividades agrícola, pecuária, industrial (beneficiamento e transformação),
extrativa (madeira, borracha, castanha do Pará, etc.), além do comércio e
prestação de serviços. O município possui um comércio diversificado, contando
com 2.435 estabelecimentos, sendo 304 atacadistas e 2.131 varejistas, conforme
a Secretaria Municipal de Agricultura (SEMAGRI-2009). O poder público tende a desenvolver
projetos para a economia do município, esses projetos visam oferecer empregos
para as famílias de baixa renda, a fim de melhorar a qualidade de vida da
população. Conforme informações do Grupo de Coordenação de Estatística
Agropecuária – GCER/RO, a região de Ji-Paraná mantém uma participação
importante no Estado, destacando-se a prática da pecuária extensiva ou
intensiva quer pela qualidade das terras quer pelo incentivo governamental.
Conclusão
No que se refere à infraestrutura científica tecnológica,
a região caracteriza-se como típica de países em desenvolvimento, contando com uma
escola técnica integrada ao segundo grau (IFRO – Instituto Federal de Educação
e Tecnologia de Rondônia) e cursos profissionalizantes regulares. A infraestrutura
institucional local compõe-se de associações e sindicatos de produtores rurais,
industriais e de empregados com presença nos municípios. No entanto, não se
constata registros de cooperativas de produção ativas em todos eles, somente as
chamadas de crédito rural (agências bancárias). Existem duas universidades, a
Universidade Federal de Rondônia - UNIR e a Universidade Luterana do Brasil - ULBRA
(rede de ensino privada), com ofertas de cursos de agronomia e veterinária, e
três organizações que são classificadas como instituto de pesquisa – a EMBRAPA (Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária) a CEPLAC (Comissão Executiva do Plano da
Lavoura Cacaueira) e o IDARON (Instituto de Defesa Agropecuária de Rondônia)
tendo também três centros de capacitação profissional, o SEBRAE (Serviço
Brasileiro de Apoio ao Empresário) o SENAC (Serviço Nacional do Comércio) e o
SENAI (Serviço Nacional da Indústria); não sendo registradas instituições de testes,
ensaios e certificações. Quanto à infraestrutura da
área em estudo, as rodovias também chamadas de estradas vicinais, precisam de
melhorias. A questão energética no campo apresenta-se em processo de expansão,
podendo mencionar o polo energético em processo de instalação na região de
Porto Velho. Torna-se evidente que o processo de desenvolvimento da pecuária
leiteira necessita de maior apoio das instituições que prezam o desenvolvimento
técnico e científico.
BIBLIOGRAFIA
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à Climatologia para os Trópicos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1991.
BECKER,
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DANTAS,
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EMATER-RO.
Em Revista. Ano V, nº 11, Porto Velho, pp. 22-25. 2010.
EMATER-RO.
Informativo do Programa de Assistência Técnica do INCRA. Ano I, nº 001,
pp. 2, 5, 6. Porto Velho/2012.
EMBRAPA,
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Atividades agroindustriais em
Rondônia. RAIS – CGET/DES/SPPE/TEM, Porto Velho. 2005.
GUERRA,
Antonio Teixeira. Dicionário Geológico – Geomorfológico. Rio de Janeiro:
IBGE, 1993.
INCRA, Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária. Portaria/P/nº 553, de 09/07/1987.
LIMA,
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